Depois do holandês da troica, dos copos e das mulheres, chegou o das guerras

A decadência também se traduz na incapacidade de reconhecer o rumo que levou a essa situação e consequentemente é causa da incapacidade de alterar esse rumo.

A hegemonia dos EUA já não opera como operava. O que faz o sistema? Manter o rumo por outras vias, como se viu na disputa K.Harris, Biden/Trump. Quer Democratas, quer Republicanos apostam na hegemonia mundial e tudo fazem para a conseguir. O rumo é esse, sendo os métodos diferentes.

No velho continente, apesar da recessão da Alemanha e a crise da França, o eixo da UE,  o rumo assente no militarismo é para manter, bem sabendo os dirigentes europeus que se trata de tornar a UE mais dependente, acarretando perigos que se se concretizarem a Europa será dizimada e aniquilada, enquanto os EUA devido à sua extensão sobreviverão.

Mark Rutte, o Secretário-Geral da NATO, afirmou muito recentemente o seguinte – “…devemo-nos preparar para uma mentalidade de guerra…”  E é curioso que uma tal declaração não suscitou grande recriminação.

A Europa caminha cabisbaixa para a irrelevância e talvez a consciência desse facto a faça navegar para o abismo. Como é possível que ninguém acorde e grite que precisamos mais do que nunca de nos preparar para a paz, o bem supremo de todos os povos e países sem distinção.

Como permitimos este rumo? Que decadência é esta que leva a um holandês ao serviço do Império a proclamar numa Europa cansada de tantas guerras que precisamos de mentalidade de guerra? Como? Então Mark Rutte não se importa que os Países Baixos desapareçam? Quem sobreviverá?

Paralelamente o chefe de todos os super-ricos dos EUA, eleito Presidente dos EUA, proclamou urbi et orbe que o Canadá, a Gronelândia, e o canal do Panamá podem ser objeto de conquista e pilhagem dos EUA se não se comportarem como Trump, Musk e Cª determinarem.

A decadência é exatamente isto: a incapacidade de aceitar os outros tal como são num tempo em que o Império apesar de ameaçar, já não tem o poder de outrora, o que não quer dizer que não seja ainda a potência com mais poder.

O Canadá é um vizinho alinhado com Washington e pertence à NATO, tal como a Dinamarca a quem pertence a Gronelândia. O Panamá é um pequeno país da América Central alinhado com os EUA, desde o rapto de Noriega.

Os EUA, com Trump à frente do país, não conhece os aliados. Se é do interesse do Império engolir este ou aquele, e desde que possa, engole.

Como pode este velho continente, tão cheio de coisas maravilhosas e outras brutais, tão carregado de guerras, tão cheio de sonhos, andar a toque de caixa de um desalmado chefe de orquestra de almas famintas de guerras para alimentar os milhar de milhões dos plutocratas?

Como admitimos que nos digam que precisamos da mentalidade de guerra? Razão, muita razão tinha Ettienne de La Boétie no seu “Discurso sobre a servidão voluntária”, só que o livro é do final do século XVI e nós estamos a entrar no último ano do primeiro quarto do século XXI. É triste, mas não nos tira a força para querendo, abrir, mesmo em tempos de mentalidade de guerra, as avenidas da mentalidade de paz. Que nunca se desista.

Um pensamento sobre “Depois do holandês da troica, dos copos e das mulheres, chegou o das guerras

  1. Rui Ramos's avatar Rui Ramos

    A assertividade desta reflexão é um motivo de preocupação para todos os que prezam a liberdade e a independência dos povos. É inaceitável que a canalha imperialista liderada pelos states queiram fazer tábua raza do direito dos povos a caminharem como decidam. Desejo a todos um 2025 com saúde e força para poderem contribuir no sentido daquilo que o autor desta coluna o Dom. Lopes e os contemplados pelas suas reflexões. Rui R.

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