Um novo partido único europeu?

Os media noticiaram que Pedro Espírito Santo, responsável pela campanha eleitoral do PS para o Parlamento europeu e assessor de Marta Temido no Parlamento Europeu, deixou o gabinete da eurodeputada e foi para o do Comissário Europeu das Parcerias Internacionais, o checo Josef Síkela que integra o grupo do P.P.E., da direita, onde estão filiados o PPD e o CDS.

P. Espírito Santo, segundo o jornal Público, mantém-se filiado no PS. Ainda segundo o mesmo jornal, M. Temido não fez comentários sobre a notícia.

O P.P.E. é o maior grupo parlamentar do P.E. Ursula von der Leyen também é deste grupo, assim como Roberta Metsola. Kaja Kallas do grupo Liberal é a Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança. António Costa, Presidente do Conselho Europeu, é do grupo dos socialistas. Ele e Kallas e Marta Kos, Comissária para o Alargamento, inauguraram o seu mandato indo a Kiev reconfirmar o apoio a Zelenski e Cª.

Resulta daqui que na UE os partidos têm uma espécie de base comum – o neoliberalismo, o cimento unificador, sendo a austeridade e o défice de 3% a pedra de toque do edifício desta “União”, assim como o servilismo perante os EUA, consubstanciado num novo belicismo europeu.

Nesta base, o salto com um bom paraquedas de Espírito Santo do PS para o grupo do P.P.E. é normal. São todos muito parecidos e as ideias que contam são as do partido único que está ao comando da UE e é composto pelos grupos dos partidos das várias direitas (mais ou menos clássica), dos socialistas e mais uns tantos relativamente indefinidos, mas definidos no tocante a este tipo de europeísmo. A viagem de Costa a Kiev é um exemplo perfeito da política do partido único no que toca à política de paz e segurança europeias e de defesa da corrida às armas.

A este nível, a política da UE consegue fazer do continente europeu uma terra onde os europeus não contam, sem qualquer rasgo que assegure aos povos e aos países do continente um plano de paz através de negociações que impeça a continuação da guerra, cujo o preço em vidas é pago com o sangue dos ucranianos e em despesas com o dinheiro empregue nos EUA pelos dirigentes deste partido único da UE na compra de armamento e na energia cinco vezes mais cara do que a da Rússia.

Durante décadas as democracias populares do Leste europeu foram atacadas por serem regimes de partido único. Os seus dirigentes respondiam que naqueles países havia muitos outros partidos, o que era verdade, não o sendo, pois eram todos iguais ou parecidos. Na UE também há muitos, mas como se vê até podem trocar de grupo político e manter a filiação que dá tudo igual neste sistema de partido único ou de partidos muito similares.

A notícia diz respeito a Espírito Santo, amanhã será de outro vindo de outro partido para outro. Assim vai a política europeia: saber quem paga melhor ou mais e sempre ao serviço do Grande Partido e dos partidos do outro lado do Atlântico, mesmo quando todos os sinais aconselhavam outra política. A UE é, na versão dos seus dirigentes, um grupo alargado de burocratas com graves distorções oftalmológicas, mas famintos de poder e de rendimentos superlativos.

Um pensamento sobre “Um novo partido único europeu?

Deixe uma resposta para jaimefernandes930280f1a3 Cancelar resposta