Os novos piratas do ar na esteira de Sir Francis Drake e os lambe-cus.
As chamadas companhias aéreas de “baixo custo” proporcionaram um enorme acréscimo de viajantes, designadamente no continente europeu.
Muitas delas, a partir de certa altura, para conseguir o lucro máximo, nova fé única que varre o mundo, começaram a atacar não só os direitos dos seus trabalhadores, como também a natureza dos serviços prestados.
Provavelmente a Easyjet inspirada no espírito empreendedor do famoso pirata/corsário inglês, Sir Francis Drake, passou a agir de acordo com as suas próprias leis, decidindo antes da entrada nos céus quem são os suspeitos de graves infrações à segurança das divinas aeronaves, impondo-lhes o cumprimento de sanções pecuniárias decididas no último minuto, não dando à vítima, também designada por consumidor, outrora cidadão, depois da revolução francesa.
As malas para caberem na bagageira por cima dos assentos devem ter estas medidas 45x36x20. Já tinha viajado na Easyjet para Lyon, Bordéus, Paris e noutras companhias de “baixo custo” com a mesma mala.
Aconteceu no dia 22 de agosto à entrada para o avião da Easyjet, após o check-in, que uma senhora fardada à easyJet me disse do alto do seu imperial olhar que a minha mala não cumpria o estabelecido e tinha de pagar por isso ou…ficar sem a mala ou mandá-la para o porão com os custos e o sorriso pirata/corsário.
Pedi-lhe uma fita métrica e ela com a perna apontou para um quadrado com as tais medidas. Nada de fita métrica. A mala deitada deixava meia roda de fora, pois aquela medida tinha acoplada às laterais outra extremidade e naturalmente eu tinha ofendido por meia roda a imperial decisão da Easyjet.
Como tinha de ser, tentei que ela me explicasse como é que eu podia saber que aquelas eram as medidas. Como ela não explicava e eu lhe pedia explicações aproximou-se um rafeiro a perguntar se era preciso chamar a autoridade. Despejei nos lambe-cus toda a minha indignação. E 48 libras.
Fiquei a observar o modus operandi e verifiquei que havia duas medidas, uma normal sem nada acoplado nos lados e outra com os lados mais salientes.
Foram várias as vítimas deste espírito empreendedor. Doeu-me a de um jovem negro que não tinha dinheiro para pagar.
Os cidadãos são apanhados à boca do embarque: ou pagam ou não entram. Que interessa terem razão e terem a mala com as medidas. Mesmo que mandassem chamar a polícia, caso viesse, o avião partiria e o prejuízo seria maior.
O grande corsário/pirata F. Drake tinha todo o apoio do british empire para atacar nos mares tudo quanto pudesse encher os cofres do reino e dos seus. As ordens eram aquelas. Verdadeiramente empreendedoras. O seu espírito permanece vivo no reino de Carlos III e da Consorte Camila, por sinal com o mesmo ar de enjoados.
A Easyjet ataca sem a menor defesa para fazer frente à imperial decisão de um(a)lambe-cus à espera de promoção devido ao seu mérito em gerar lucro para a empresa coitadinha.
Se um dia, os que mandam nos governos, sentirem que podem medir o oxigénio que o bonus pater familiae , ou seja, o cidadão normal respira, passaremos a pagar o que for a mais. Depois, para garantir o bom serviço, pagaremos o oxigénio. Para lá caminharemos se a manada não se extraviar…
PS, confirmei as medidas da minha mala – 45x 34×20. Dois centímetros a menos na largura.
Sou do tempo em que havia companhias aéreas com aviões. Hoje há seitas de vigaristas com autocarros com asas. Ser tripulante era uma posição de prestígio para gente especializada com boas maneiras. Os passageiros, bem arranjados cheiravam bem. As refeições eram uma obraélites de arte culinária. Hoje os tripulantes são das barracas, os passageiros são selvagens a cheirar a chulé e as refeições são lixo embalado em plástico. Que saudade das élites!
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Abraço amigo
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… e assim vai o mundo do capitalismo liberal – se não estás bem voa noutra companhia…
Ab solidário e com as 48 libras lá se foi o jantar de duque!
ab
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