A democracia made in USA e a realeza dos oligarcas

O debate entre Trump e Biden veio expor perante os Estados Unidos da América e o mundo, de modo impressivo, o modo como se afirma e se apresenta o sistema liberal/democrático naquele país.

Aqueles dois homens representando os dois partidos dominantes dos EUA são os seus expoentes máximos. Dois velhos, em que cada um tentou mostrar estar melhor fisicamente que o outro. Um aproveitando a senilidade evidente do outro para lhe chamar dorminhoco/sonolento e o outro perdido, no meio de tanta luz das câmaras, sem saber onde pegar o debate e fugir ao duelo. Se poucas esperanças havia nos esclarecimentos, ficou ainda mais evidente que a política dos dois candidatos ao lugar ainda mais importante do mundo cairá para o que tenha mais destreza no puxar do gatilho. Uma espécie de duelos nos novos saloons mediáticos.

Num mundo tão conturbado, marcado por duas guerras brutais, sem pacificação à vista, o debate em que os argumentos acerca do mérito das políticas de cada um foram substituídos por golpes e contragolpes, sendo uns mais baixos que outros. Nenhum deles esclareceu fosse o que fosse. Insultaram-se.

O resultado foi o que se viu: Trump tinha mais aptidões físicas que Biden. Centenas de milhões de dólares desviaram-se para a conta de Donald, naturalmente para quando e se for Presidente tenha presente que os votos custaram muito big money e sem ele os votos voavam. Trump que contribuiu para a campanha de Kamala Harris para Procuradora-Geral da Califórnia sabe como se faz a coisa.

 Elon Musk declarou ao Wall Street Journal em 16/07/2024, que planeava doar à campanha de Trump até novembro 43.1 milhões de euros em cada mês. Os amigos são para as ocasiões e os negócios as usually. A declaração ocorreu três dias depois do atentado…que se tivesse sido bem-sucedido ninguém faz ideia das consequências, designadamente entre os apoiantes de Trump, muitos de entre eles mais conformes a uma seita a roçar ideais fascistas e nacionalistas onde só os EUA têm lugar à mesa de Deus Pai, gente que encontra no discurso de ódio e vingança de Donald Trump o seu sustento.

 Trump, filho de um emigrante escocês, prega o encerramento das fronteiras e apelida de criminosos os deserdados de tudo e que esperam encontrar na América algo, tal como o pai de Trump. Para a sua fé cristã só são filhos de Deus apenas os branquíssimos norte-americanos que o apoiem.

É este país pleno de violência em todo lado, incluindo nas escolas, cuja solução Trump considera ser armar os professores, que pretende ter a liderança do mundo e que nem sequer foi capaz de derrotar os talibans e se coloca sem o mínimo pudor atrás do homem chamado Netanyahu que age de acordo com normas tribais vigentes naquela região há mais de dois mil anos. Todas as ocupações são boas se forem a favor dos EUA, daí a ocupação da Palestina.

Biden foi obrigado a sair de cena num regime de gerontocratas e oligarcas a receberem milhões de outros que tais, para dar lugar a uma sucessora cujas ideias são as mesmas e que estão bem ancoradas no chamado Deep State de tal modo que os fundos para a campanha bateram recordes. Quem pode concorrer a Presidente nos USA? Quantos milhões é preciso para ter votos?

Quem acredita que só agora os dirigentes do Partido Democrata se tenham dado conta que o Presidente Biden confundia o Presidente do México com o do Egito, entre outros dislates?

Estavam disponíveis para o manter porque em boa verdade contava muito pouco, tal como irá contar Trump ou Kamala Harris se forem eleitos. Basta ter em atenção os atentados contra Presidentes e ou candidatos na terra das armas de acesso livre para assassinar e de abortos duramente penalizados, mesmo quando a mulher é violada, nomeadamente em certos Estado.

A substituição de Biden, “por amor ao país”, já rendeu largos milhões de fundos à nova candidata. Bela colheita junto de gente que decide, em grande medida, quem vai ser Presidente.

Se nas monarquias os Reis são escolhidos por hereditariedade, nos EUA os Presidentes são escolhidos entre os mais ricos que contem com o apoio dos estrondosamente multibilionários.

Os EUA nunca tiveram monarquias, mas têm reis – do imobiliário, do Espaço, dos carros Tesla, da indústria do armamento, do cinema, da aviação, do entretenimento, do gás líquido, do petróleo, dos fundos muito fundos, das Bolsas de Valores Mobiliários, do crime como Al Capone, and so one. Uma democracia à medida dos reis e dos oligarcas.

4 pensamentos sobre “A democracia made in USA e a realeza dos oligarcas

  1. António Melo's avatar António Melo

    Realço a pertinente observação de que não sendo uma monarquia, os EUA são o país com mais “reis”.

    Apesar de tudo, julgo que Kamala Harris pode bater Donald Trump,

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  2. Jose Torre's avatar Jose Torre

    é a ditadura dos ricos mas é disso que o povo gosta. A ditadura da oligarquia russa não é nada melhor pelo contrário. Das duas não gosto de nenhuma mas isso nada conta. É só um posts e nada mais.

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