UCRÂNIA – A TROCA DE SANGUE POR ARMAS

Olekseï Reznikov, Ministro da Defesa da Ucrânia, declarou numa entrevista ao programa de notícias TSN do canal 1+1 ucraniano, em 06/01/23, que … A principal ameaça para a Aliança é a Rússia. A Ucrânia faz hoje frente a essa ameaça. Cumprimos hoje a missão da NATO.  Eles não dão o sangue deles pela missão. Nós damos o nosso. Eis a razão pela qual nos devem fornecer armas”, in- https://twitter.com/aaronjmate/status/1613086637571080192?t=UGsvjOwOfOGSFVEYr4i31A&s=19.

Ao cabo destes meses de guerra e a fim de podermos encadear uma lógica subjacente às declarações de Reznikov vale recuar um pouco no tempo e ler as de Oleksiy Danilov, Secretário do Conselho de Segurança e de Defesa da Ucrânianum artigo de opinião publicado no jornal Ucrainska Pravda em 11/02/23 …” O Ocidente deve preparar-se para descolonizar a Rússia que vai desaparecer com as suas fronteiras atuais… Os processos que levaram ao colapso da URSS estão agora em curso na Rússia de hoje…”
https://www.pravda.com.ua/eng/columns/2023/02/11/7388917/

 Seguindo esta linha de raciocínio um dos mais destacados conselheiros de Zelenskï, Oleksï Arestovitch, declarou que a condição para a Ucrânia entrar na NATO era a destruição da Rússia.

O Público do dia 11 do corrente mês num texto de Catherine Belton e Francesca Ebel reportava que …”Um membro bem relacionado dos círculos diplomáticos  com funcionários governamentais afirmou que …a Ucrânia representa uma ameaça existencial à Rússia…”

O think-tank Rand Corporation criado pelo Pentágono no esboço da estratégia em 2019 Extanding Russia: Competition from Advantageous Ground e Overextending and Unbalancing Russia inclui claramente a ideia de desestabilizar a Rússia e levar ao seu enfraquecimento. O documento já entrava em linha de conta com uma invasão da Ucrânia e alertava…”  Poderia conduzir a perdas humanas e territoriais desproporcionadas e um fluxo de refugiados e até a uma paz desvantajosa…”

As revelações de Angela Merkel, François Hollande e Poroschenko que os Acordos de Minsk não passaram de um degrau para ganhar tempo e rearmar as Forças Armadas ucranianas batem certo com o que supra se transcreveu.

A estas somam-se as dos dirigentes ocidentais a dar como garantida a derrota militar russa quer pela incapacidade russa e o seu atraso e extrema desorganização, quer pela capacidade militar da Ucrânia, quer pelo dilúvio de sanções económicas que iriam desconectar a Rússia do mundo e conduzi-la ao colapso económico e social.

A sra. Ursula vestiu a pele de porta-voz da NATO ao declarar solenemente que a Rússia não escapava à derrota militar e que as sanções de mais de uma dezena de pacotes levaria ao fim do regime, logo seguida pelos srs Borrell, Costa, Michel e por um tal MNE que mandava prender Putin no Algarve se para lá fosse de férias.

 A Rússia vende hoje mais petróleo que antes da guerra. A inflação é inferior à da Europa e o PIB russo cresce mais que o da U.E.

As promessas enfáticas aos dirigentes ucranianos de lhes fornecerem todo o armamento necessário para derrotar militarmente a Rússia torna muito difícil assumir a realidade.  No entanto, pelo menos por ora mantêm em aberto a entrada da Ucrânia na NATO. Tal significaria que a NATO passaria a ter um novo centro no Leste, na Polónia, na chamada nova Europa, como assim foi designada por George W. Bush contra Chirac e Schröder aquando da invasão do Iraque.

O mundo vai mudar, não se sabe bem quais as consequências em todo o seu conjunto, mas vai. O eixo da mudança visa quebrar a hegemonia do país que tem mais prisões que universidades e que gasta no seu sistema penitenciário o astronómico montante de setenta e quatro mil milhões de dólares e é atingido por tiroteios constantes nas escolas, igrejas, supermercados e um pouco por todo o lado.

Na Ucrânia o sangue vertido pelos ucranianos será mais uma tragédia a juntar a tantas que os humanos têm vivido. As armas falam da morte e por isso levam a morte, sejam elas de quem forem, do Ocidente ou da Rússia.

A guerra um dia acabará. As negociações terão lugar e provarão que os que empurraram os ucranianos para a tal derrota militar da Rússia serão corresponsáveis pela tragédia, pois que o sangue vertido foi inútil e ao serviço de um projeto alheio aos interesses da própria Ucrânia. Quem estará nas negociações, Putin ou Zelenskï?

https://www.publico.pt/2023/06/14/opiniao/opiniao/ucrania-troca-sangue-armas-2053180

Um pensamento sobre “ UCRÂNIA – A TROCA DE SANGUE POR ARMAS

  1. Luciano Caetano da Rosa's avatar Luciano Caetano da Rosa

    Excelente artigo sustentado em fontes indubitáveis e verificáveis, um texto que combate a fanhosice-fake-news, manipuladora de milhões de pessoas. Parabéns ao autor.

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