Os misseis russos que afinal eram ucranianos e a vergonha de quem a não tem.

Sou de uma geração que sempre guardou pelos jornalistas a mais elevada consideração. Desde os anos sessenta que aprendi com muitos deles o valor da coragem. Davam-nos notícias, mesmo correndo riscos.

Ser jornalista é ser alguém que não obstante o seu caráter e a sua formação nos informa; se possível não embarcando na espuma do momento. Tem a obrigação nobre de informar. Não é um imitador de cacarejos ou bajulador de quem quer que seja. 

Ora o que se passou no dia 15 de novembro, a propósito dos restos de misseis caídos na Polónia, revela a demência que reina em grande parte do mundo informativo.

Caíram os misseis e o mundo ocidental comunicacional entrou numa espécie de histeria coletiva. De todos os cantos, de que são feitos os canais televisivos, a compita entre quem tinha mais dados sobre a malvadez da Rússia roçou a esquizofrenia.

Ou foram os russos ou foram os russos ou se não foram foram porque os seus sistemas de misseis são falíveis e caso, ainda assim, não tivessem sido foram porque obrigaram os ucranianos a ripostar e daí que etc e tal e tal.

Uma caterva de comentadores, sem deixar de referir um ou outro mais realista e competente, logo estabeleceu que Putin e a sua clique tinha de pagar um preço não só pelo que está a fazer na Ucrânia, mas, atenção, pelo que poderá vir a fazer no Báltico e arredores.

Por cá, o M.N. Estrangeiros português, qual garnizé, do alto de toda a sua força militar e projeção internacional, alertou para uma resposta a sério e deixou os Montes Urais a tremer.

Zelenskii foi dos primeiros a dizer que tinha avisado que chegaria a vez dos polacos serem atingidos.

O Presidente da Polónia informou que iria pedir uma reunião da OTAN ao abrigo do artigo 4º da Organização.

Hoje sabe-se e ontem já se sabia que aqueles restos de misseis não eram russos. Zelenskii sabia-o. E apesar disso alegou que tinha chegado a altura da OTAN entrar na guerra.

Zelenskii veria com bons olhos que na Ucrânia se batessem diretamente Rússia e OTAN. É este homem que está à frente da Ucrânia. A invasão brutal da Ucrânia às ordens de Putin não justifica que entremos numa nova guerra mundial. É preciso que de uma vez por todos o digam a Zelenskii, desde logo von der Leyen, Borreli e todos quantos lhe prometeram derrotar militarmente a Rússia.

Os media e os jornalistas têm um papel nobre neste conflito – informar com isenção. Se o fizerem o mundo estará mais próximo da paz. Se fizerem de gasolina fá-lo-á aproximar-se das chamas sem fim à vista.

Um pensamento sobre “Os misseis russos que afinal eram ucranianos e a vergonha de quem a não tem.

  1. Luciano Caetano da Rosa

    …a altura de a OTAN ( não da OTAN, Domingos) entrar na guerra…pois, parece que há muito boa gente desejosa de guerra e não de paz. O que me chocou profundamente, a ser verdade a nota de rodapé nos canais televisivos, foi a celeridade do Min. dos Neg. Estrangeiros do governo do Dr. António Costa em reconhecer os restos de míssil russo. Há pessoas especializadas em antecipar a interjeição “Santinho!”, mesmo antes de outro espirrar. São mais papistas do que o Papa.

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