Para nos posicionarmos num dado facto – a demissão de Marta Temido – ajudará dar uma “oftalmológica” (falamos de saúde) pelas tomadas de posições dos vários partidos e dos representantes dos interesses instalados.
Sobressai uma certa euforia dos que sempre a combateram na defesa que ela fez do SNS.
O principal argumento é o caos em que se encontra o SNS devido ao facto de não ter aberta as portas ao setor privado (como se elas estivessem fechadas, escondendo que o pretendido é lapardar nos recursos públicos).
O mal é a rigidez ideológica, vejam bem, um SNS capaz de responder aos problemas da população e apoiado por um financiamento que o sustente. É esta rigidez segundo esta estirpe que o levou à atual situação e consequente demissão.
Nesta altura de enfrentamento enviesado a ministra precisava que quem a convidou para o lugar a não deixasse a navegar sem energia para o percurso.
É conhecida a determinação de Costa em defender ministros quando quer estejam eles ou elas envoltos nas mais variadas polémicas.
Pelos vistos Costa não foi capaz de defender a camarada que colocou há pouco tempo na mesa do Congresso dos seus eleitos para o substituir.
Marcelo, que gostou de se encostar a Marta quando era glamoroso, esfrega as mãos, de acordo com o seu voto contra o SNS.
Mas verdadeiramente espantosa é a declaração do coordenador de uma Comissão do PS para a Saúde(?) a sublinhar que Marta Temido já se devia ter demitido em março. Fantástica solidariedade da comissão do partido que a escolheu para ministra.
Como sempre, o tempo dirá se Costa deu um tiro nos pés e se deixou enternecer pela bondade dos privados em ajudar a resolver a grave situação do SNS.
Ou se a Comissão de Saúde do PS há muito tinha mandado às urtigas a ministra. E, melhor que ninguém, ele conhece o PS.
Costa já nos habituara a defender à outrance alguns ministros. Deixa ao Deus dará cair a ministra. Ai Marta, Marta, quem havia de dizer.
Estou de acordo com o artigo. Entre aqueles que vertem lágrimas de crocodilo pelo SNS está muita gente do PSD e do PS que tudo têm feito para ajudar os grandes grupos privados, que associam saúde e seguradoras a instalarem-se no nosso país e a “mamarem” no OGE (o SNS é uma vaca magra com uma teta muito fecunda).
O princípio básico para identificar medidas estruturantes para o sector é “a saúde é um direito e cabe ao estado assegurá-lo” (preconceito ideológico) e não assumir de vez que os cuidados prestados pelo serviço público de saúde têm como objectivo primeiro garanti-lo (são um fim em si) e que nos privados os cuidados (são um meio) visam garantir dividendos para os accionistas (preconceito ideológico) é fazer o jogo destes últimos.
Há que encontrar medidas que evitem a sangria dos recursos públicos. Não será fácil. Espero que não escolham o papagaio Guimarães para ministro.
GostarGostar