Como é possível que o Presidente da República salte para o volante do seu Mercedes e siga quatro horas a dar uma entrevista a um canal televisivo? Só um homem com os fusíveis fundidos é capaz de se apresentar ao país com este despropósito surrealista e próprio de um ego quase narcísico. Ele é o centro de gravidade da Terra, só faltou que o dissesse.
Que exemplo o PR dá a um país com um grau de sinistralidade bem elevado a conduzir como se pode ver na entrevista com as mãos ora no volante, ora onde calhava?
Sua Excelência decidiu loquare e zás catrapás, bora até Viseu pela A1 e A25, o homem que se vê no centro de tudo e teve o descaramento de considerar que o mergulho no Tejo foi uma inovação na política e comentado até fora do país.
Este nobilíssimo cavalheiro sabe o que se passa no país, as suas tendências, o desgaste do governo pelas selfies que lhe pedem ou vice-versa e pelos passeios a pé onde encontra gente, até estrangeiros que lhe dão palpites. Substituiu Marques Mendes e o oráculo de Delfos. Fundiu.
A conversa é um interminável solilóquio imaginado ao pormenor para apresentar um balanço daquilo que ele acha que foi; sendo que a diferença entre ele e os outros é que ele só tem picos (deve comer muitos figos do diabo), o Primeiro-Ministro altos e baixos, embora os baixos não sejam muitos baixos.
O excelentíssimo PR foi a abrir saraivadas de elegância em relação ao mata-borrão e ao centralizador, ao resistente e ao dominador de tudo; ele que para aparecer decidiu conduzir o seu carro.
Por fim, provavelmente, quatro horas para isto “…vou tentar e ver se com alguma sorte a hipótese do renascimento de uma alternativa de direita…” Está preocupado com o facto do povo português não votar como ele desejava. É natural.
Resta perguntar ao PR o seguinte – em que artigos da Constituição ele encontra sustento para esta sua vocação?
Que tristeza de exemplo para a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e que violação grosseira das suas funções apenas por imperativo ideológico. Não é o Presidente de todos os portugueses. É o Presidente que gostava de ver a direita no governo e que está a tentar ver esse desejo ser concretizado.