A Sra Ursula von der Leyen, chefe da U. E. deu uma entrevista, antes do Conselho que vai atribuir à Ucrânia o estatuto de candidata à adesão, que merece toda a ponderação não só como mereceria sempre uma entrevista da Sra, mas também pela ousadia demonstrada.
Declara que a Rússia já perdeu a guerra e que “…seremos intransigentes para que a Ucrânia vença…”
Ademais, a Sra acrescenta que os soldados ucranianos se regozijaram com a hipótese de o país obter o estatuto de candidato.
Ursula deve medir as palavras e se as mediu deve também pensar em todas as consequências e o seu impacto no quadro da guerra e do continente.
A afirmação de que a Rússia já perdeu a guerra é temerária, o que não condiz com o importante cargo que desempenha. Aliás, o já perdeu a guerra aliado ao que a EU deve fazer para que a Ucrânia vença é uma contradição vibrante.
Uma dirigente com o peso da Sra. Ursula não se pode comportar como o (a) responsável do Departamento de Informação da EU. Tem de ter mais substrato; a propaganda não lhe fica bem. Ela também já tinha dito que as sanções iriam derrotar a Rússia… Uma coisa é o desejo, outra a realidade.
Se a Rússia já perdeu a guerra significa que foi derrotada; haverá alguém no seu tino que possa sustentar esta tese?
Se a UE deve fazer tudo para que a Ucrânia vença então a Rússia ainda não perdeu a guerra como é bom de entender e o que é fazer tudo para que vença? É claro à partida que a desproporção de meios dá grande vantagem à Rússia, o que não significa que ganhe, veja-se o caso dos movimentos de libertação e até o que aconteceu com a retirada das tropas dos USA do Afeganistão.
Assim sendo o que a Sra. está a apregoar é o mesmo que o Ministro da Defesa do RU e o Secretário-Geral da NATO que a guerra é para durar anos?
Se for, quer dizer que a NATO e outros encherão os ucranianos de armas para que a guerra continue e continuando haverá sempre a possibilidade de resvalar para um conflito de outra escala, será isto o que os europeus querem? Valerá a pena correr esses riscos? Urge responder.
Surge sempre a justa e lancinante pergunta, e se não se derrotar militarmente a Rússia ela não irá fazer o mesmo? Alguém já perguntou se os EUA não fossem derrotados no Vietname a sua política mudaria? Não mudou; continuou a senda de invasões e agressões.
A Rússia imperialista de Putin joga no mesmo campo. O que se exige ao político de maior relevo da EU é que faça política realista e construtiva e que aponte caminhos e não mais do mesmo.
Sim, pode ser que Putin se sinta reconfortado…digam então o que fazer? Lançar uma guerra contra a Rússia? Continuar a guerra à espera de um eventual desgaste de Putin? O velho político da escola realista ocidental, Henry Kissinger, já respondeu a esta questão.
As relações entre os Estados continuam a ser determinadas pela força de cada um e vai continuar a ser nos próximos tempos. A força não determinará tudo, mas determinará muito.
A vida na Europa está a ficar azeda. Resta-nos nesta encruzilhada diabólica saber se uma negociação é melhor ou pior designadamente para os próprios ucranianos.
Em tempo de rufar dos tambores o sangue chama o sangue, é uma verdade. Sem deixar de chamar a esta guerra um crime grosseiro e violento é necessário que ela acabe e não ficar à espera da vitória de uma das partes como preconizou a Sra. Ursula.
A confusão e a emoção têm impedido que os povos tomem a palavra para retificar as palavras dos falcões.
As destruições, os horrores, as mortes, a carestia da vida, a crise anunciada exigem paz e não a continuação da guerra. Então como se para a guerra de Putin? Criando um campo fortíssimo de países capazes de impor por via negocial as condições de uma paz honrosa para todos com o apoio da mobilização dos povos.
Subscrevo e permito-me acrescentar um Post scriptorum que o papa Francisco propôs há dias – uma solução diplomática, estabelecendo à partida que tudo é negociável e, nesse caso, não há vencidos nem vencedores.
Quem estará a mediar essa negociação é que me preocupa. Quanto a mim, seria natural que fosse a União Europeia, mas receio bem que venha a ser Anthony Blinken, secretário de Estado dos EUA.
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O problema da Sra. Ursula von der Leyen é sua falta de legitimidade democrática, problema comum a outras pessoas e órgãos da UE, esta UE que não perde pitada para querer dar lições de democracia…mas, qual democracia ?
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O problema de Ursula von der Leyen é a sua falta de legitimidade democrática. Foi eleita por quem ? Como assume tal cargo ? Não demos pela sua eleição? Estávamos todos a dormir na forma ? O mesmo se pode dizer de toda a Comissão e de outros órgãos da UE que pretendem dar lições de democracia a outros e deveriam começar por dar lições a si próprios…
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