Diz-se que as almas voam após a morte. Umas para cima, outras para baixo, embora nunca ninguém tenha visto o céu ou o inferno e não saiba por isso a sua localização.
Sabe-se agora que afinal o purgatório só existe na vida terrena enquanto se aguarda a publicação das notas ou a resposta a um amor, ou a leitura de uma sentença, ou o polícia após o stop.
O que se diz é que elas,exatamente por serem almas, não ficam apodrecer com o corpo. Vão-se.
Reparem que para o arquiteto das almas de Capelins elas estão por ali, ao pé dos corpos. Imagino a alma do grande poeta de Capelins, o Ti Limpas, conhecido em todo o concelho do Alandroal, pelas sua décimas, a entreter o São Pedro com a beleza das sua imagética e não deixo de pensar se a alma está por cá ou realmente no céu, pois o céu não pode ser um cemitério que deverá ser a sala de embarque para a eternidade.
E não posso deixar de imaginar o Ti Zé Rocha, todo atiradiço, a perguntar ao São Pedro por alguma gaiatona, mesmo freira que ele não era de grandes exigências.
O campo seria santo se a santidade fosse a morte. Fica a dúvida acerca da santidade já que o respeito pelos que repousam em paz é intocável. Fica nas mãos do artista o que ele tinha em mente quando escreveu o que se pode ler abaixo.