Jorge Luís Borges no “Livro dos seres imaginários” deu conta dos poderes do Dragão ocidental e do Pássaro que provocava a chuva. Analisou o que se sabe, ao longo dos tempos, de cada um destes terríveis animais.
O que ele não foi capaz de prever, não obstante todo o seu poder imaginativo, foi que em Aveiro no dia quatro de Agosto o Aves e o Dragão se enfrentariam.
O Aves é um pássaro de renome e recursos tão vastos que em maio do corrente ano levou o poderoso leão, o rei dos animais, ao tapete. Antes que desse conta nem Jesus valeu ao leão. O rei dos animais foi esmagado.
No mundo antigo de onde sobressaía Confúcio, na milenar China, o pássaro que provocava chuva foi levado a sério.
Depois de domesticar o pássaro Confúcio aconselhou a construção de diques e canais para evitar desastres. O príncipe seguiu as orientações do mestre Confúcio e foi recordado para todo o sempre.
Jesus não levou a sério os perigos de tal pássaro, o Aves, e saiu inundado e encharcado. Não acreditou que um pássaro podia derrotar um leão.
Santo Agostinho, segundo Borges, escreve que o diabo “é leão e dragão”.
Se Sérgio Conceição não tiver em conta os poderes do pássaro Aves pode suceder-lhe o pior, o que vale por dizer, sair de Aveiro derrotado.
O tempo desgastou o outrora prestígio intocado dos dragões. Agora o dragão que não arregace as mangas e vá à luta com mais força que um leão pode ser humilhado pelas penas do Aves, um pássaro que pode provocar chuva e golos.