Nas terras de Sua Majestade, a Rainha Isabel, e de Teresa May, as coisas não correm bem aos conservadores que já não sabem o que hão de fazer com o Brexit.
E, neste contexto, nada como um conflito com a Rússia para entreter os ingleses.
É verdade que há um espião que já foi espião de outro país ou espião de dois países ao mesmo tempo e que, ao que se sabe, envenenado com gás. May e Johnson afirmam que foi a Rússia; esta diz que não.
Então o que há de novo? A completa histeria britânica de que é expoente o M.N.E. Ben Johnson.
Putin é Putin. O presidente da Rússia. Pode pensar-se muita coisa sobre as eleições na Rússia, lá isso pode-se; mas mais se pode pensar dos grandes amigos do Reino Unido como a família real saudita onde aos opositores se cortam as cabeças… e Londres embrulha-as nas faturas das armas que vendem para ajudar a destruir o Iemen e a reprimir a oposição democrática.
Pois de que se havia de lembrar o descabelado Johnson – que Putin com o campeonato mundial de futebol quer obter a glória que Hitler quis com os jogos olímpicos de 1936. Comparar Putin a Hitler é fazer da História tábua rasa, basta recordar que Hitler invadiu a URSS de onde proveio Putin.
Para dar o ar de sua graça mistura a Crimeia tentando comparar a invasão e ocupação hitlerianas com um território que sempre foi russo ( mesmo quando a rainha Vitória , Napoleão III e o sultão turco a tentaram retirar daquele país no século XIX) salvo no momento em que Nikita Krutchov resolveu colocá-lo, no quadro da URSS , na Ucrânia.
Não se pode comparar um território, a Crimeia, que deu no século XIX origem à guerra da Crimeia com a guerra das Malvinas, um território a mais de dez mil quilómetros da Inglaterra e que esta considera seu e, no entanto, é argentino, como não pode deixar de ser e só não o é porque os grandes deste mundo, explorando o facto de a Argentina ser governada na altura por uma ditadura militar, deram as mãos para proteger Tatcher. Uma vergonha que ensombrou o mundo. A Crimeia foi sempre parte da Rússia ou da URSS, as Malvinas nunca foram britânicas a não ser pela força das armas.
Putin é o tipo de líder nacionalista, com ambições de fazer da Rússia uma grande potência, o que o Ocidente não aceita, pois sabe que do ponto de vista militar aquele país pode ombrear com os EUA e NATO em termos de armamento estratégico. Esse é o problema.
A Inglaterra está à deriva. May não sabe para que lado se há de virar para lidar com a saída da U.E. As sondagens não lhe são favoráveis. Um conflito com a Rússia pode funcionar. Só que a Rússia não é o Iraque. E Blair e Barroso e Portas também juraram que aquele país tinha armas de destruição massiva e depois da guerra foi o que se viu e o que se está a ver. E ainda se vai ver mais. Atente-se na ignomínia de abraçar Kadhaffi para receber milhões e depois patrocina-se o seu assassinato, não é Monsieur Sarkosy?
Johnson perdeu a cabeça. May há muito que não sabe o que há de fazer à sua. Vai a União Europeia enfileirar com o outro lado da Mancha sem que haja investigação e conclusão ouvindo e dando margem a todas as partes para se pronunciarem? Ou a ordem internacional baseia-se na opinião de um Estado por mais importante que seja? No século XIX à Inglaterra bastava mostrar a bandeira para que os outros se rendessem…mas já não vivemos naquele século.
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