Ontem, dia 9 de Novembro, no debate da apresentação do nado morto, a dada altura o indigitado chefe do governo foi ao saco do argumentário para continuar agarrado ao poder e na sua melhor tradição de desprezo pelo voto popular e pela dignidade da política acocorou-se e disse mais ou menos isto: vejam bem eu ainda cá estou, mas face ao destino do meu governo olhem a Bolsa e os mercados, vejam o que está a acontecer, referindo-se à queda da Bolsa e à subida dos juros.
Julgo que há frases que definem uma política, um homem. Passos Coelho é isto: um homem que considera o jogo da Bolsa mais importante que aquilo que o Parlamento decide; um homem que se determina a sua política pelos mercados.
Passos Coelho considera-se um executivo à frente da empresa que dá por nome Portugal e que determina o futuro da empresa pelos ditames dos mercados e da Bolsa. Esta é a sua filosofia.
Mas há nisto algo de abjeto: no dia em que queria convencer o Parlamento da sua bondade desistiu de o fazer e brandiu o único argumento: olhem que eu sou o eleito da Bolsa e dos mercados e dos credores; eles não vos vão deixar e eu também não. Voltarei com eles e o Portas, o que era contra o Cavaco, o euro, o Marcelo e a favor dos bonés.