As esquerdas perderam o pé, incluindo o PS que se situa entre o centro-esquerda e o centro, mais centímetro menos centímetro.
O PCP continua o seu caminho paulatinamente para a perda de relevo, incluindo no terreno autárquico, onde nos anos 80 conseguiu com grande inovação criar uma conceção de poder local.
Apesar da carga ideológica dos primeiros anos de Abril, o PCP primava por ter muitas vezes mais simpatizantes do que militantes nas suas listas. Para o PCP de então, não havia esquerda ou direita na esmagadora maioria das autarquias, mas sim gente que pudesse trabalhar em prol das populações para a defesa de uma vida melhor.
É preciso recomeçar, mas para tal é necessária gente com essa capacidade e com outra genica. Encontrá-la é difícil, mas no partido quando a encontram não integram, rejeitam-na. Em geral.
Não me parece que o PS seja um partido de esquerda em termos autárquicos. Talvez de centro-esquerda, se precisar das esquerdas.
Segundo Carneiro na declaração desta madrugada …O PS voltou ontem… Por amor de deus… O que é que isto quer dizer, chegou vindo de onde?
Quanto ao sucedido em Lisboa responsabilizar o PCP é ver o caso de modo muito simplista e enviesado.
O PS perdeu porque a sua política autárquica em Lisboa é má. Que me perdoem os socialistas, mas onde está a diferença que não é visível? Qual era a diferença com Medina? As ciclovias…
Na oposição a Moedas faltaram quase sempre à chamada, voltaram agora diz Carneiro…o problema é que ele ainda nem sequer chegou. Anda à procura da humildade do arrogante Montenegro para não o trocar pelo Ventura.
A política autárquica do PS em relação ao PCP é roubar-lhe câmaras, juntando-se à direita, como em Santigo Cacém, onde não concorreu para que o PCP ficasse sem a Câmara. Foi junto numa lista com toda a direita, salvo o Chega.
Em termos autárquicos, há que recomeçar e apontar rumos que liguem as populações por uma vida melhor, sendo que na maioria dos municípios isso está muito para além da esquerda ou da direita.
Na maior parte dos concelhos as classes populares são esmagadoramente dominantes, o que significa que as alianças têm de ser muito mais amplas.
O maior erro das esquerdas é partir para as autárquicas como se fossem para legislativas. Os partidos de direita podem-no fazer porque têm apoio nos media e capacidade financeira.
Talvez vá persistir esta cegueira por mais anos à espera de Godot, como ele não vai chegar a culpa seja dos comunistas porque desde que nasceram a culpa é deles.