EIS A NOVA AMERICA DE OURO

Não perdeu tempo. Durante mais de cinquenta e seis minutos atacou a ONU (que o deixou sem teleponto, com ruídos, e a ele e à sua mulher sem poder usar as escadas rolantes).

 Karolie Kevitt, adida de imprensa, considerou a o caso como uma ação deliberada. Ele próprio defendeu que as pessoas responsáveis pelos casos deviam ser presas. Ao que se sabe, tudo foi tratado pelos serviços da Presidência.

Começou modestamente afirmando que no fim do seu primeiro mandato deixou o mundo em paz e agora é o caos. Em 2016, quando perdeu as eleições para o “dorminhoco” Biden, havia no mundo todas as guerras que agora existem, menos a da Ucrânia e mais a do Afeganistão. Talvez ele não contabilize o genocídio em Gaza por ter olho para o negócio e já só ver torres, piscinas e resorts nas águas do Mediterrâneo.

As “fábricas” de líderes dos EUA, à custa de tanto se fecharem, perderam o contacto com a realidade e substituíram-na pelo universo em que vivem, rodeados de cifrões por todo o lado. Ademais, Joe Biden estava igualmente bem inserido nesta bolha.

Discursou como se dirigisse a uma Assembleia de acionistas. O direito internacional não faz parte da sua formação. Pertence a outros domínios, como o dos palpites e o da chamada química, os quais ao fim de trinta segundos o faz topar o interlocutor. Por isso, olhou para Lula da Silva e topou um nice guy, yeah. Aguardemos pelo novo palpite.

O Rei dos autoelogios deixaria Narciso a chorar de vergonha por não ser capaz de semelhante feito.

O paraíso está nos EUA desde que tomou posse. Faz milagres. Infelizmente continua a haver mais cadeias que universidades e a esperança de vida diminui. Em 2024 houve 21 500 homicídios, 77% com armas de fogo. Provavelmente as armas são da natureza do carvão, lindas e limpas.

Expulsou e mandou prender dezenas de milhar de imigrantes associando-os à alta criminalidade, fazendo recordar a brutal crueldade com que os foragidos e imigrantes europeus exterminaram os nativos americanos daqueles territórios.  Agradeceu a El Salvador o papel de Herodes.

Invocou o nome de Deus em vão para justificar o ódio a todos os que não são evangélicos. O Cristo de que fala deve ser o redentor das criptomoedas e das Bolsas de valores mobiliários.

Exortou o mundo a seguir o seu exemplo e a fechar as fronteiras (menos Israel que as alarga), sendo os EUA um país de gente imigrada.  

Tem as melhores armas do mundo…soube há duas semanas que a China e a India são os sustentáculos da Rússia…até países da NATO que compram petróleo proveniente da Rússia e, acrescento eu, em vez de o comprarem aos EUA.

Lançou um violento ataque à energia verde. Achou extraordinário que só agora se poder ir jantar a qualquer restaurante em Nova Iorque ou Washington, o que não acontecia há oito meses. Disse-o sem se rir.

Em relação a Gaza reafirmou o seu papel de apoio a Israel e não se distanciou um milímetro da política de Netanyahu.

No que se refere à Rússia regressou à era de Obama apelidando-a de fraca. E o conflito de uma potência fraca que nunca aconteceria com ele ou que ele acabaria em 24 horas afinal é para continuar. Deve ser da fraqueza.

Tudo se passou na ONU para a qual os EUA deram um importante contributo após a 2ª guerra mundial como instância chamada a resolver conflitos por via pacífica (sendo essa a sua filosofia).

Afinal o novo Luís XIV das Américas quer substituir a ONU por ele próprio, devendo as Nações Unidas serem uma organização ao serviço do novo rei do mundo. Esta é a irrealidade em que vive Trump, o paizinho de Mark Rutt da NATO. O que vale é que ele vai impedir que as mulheres grávidas tomem paracetemol. Here is America.  

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