WOVEN SOUNDS
Havia uma voz sem rosto. Vinha de um espaço do céu (assim se pensa) onde a harmonia é o único ser. Flutuava como um fio fino de filigrana. Intrigava a ausência do rosto.
A voz, nesse espaço celestial recolhia-se e então a flauta de cana (ney em persa) o selar, a kamancha, o tambor e a pandeireta surgiam num fundo de um horizonte de tecedeiras ancestrais, puxando fios.
Logo a voz de embalar nos batia nas paredes que não vemos, mas sabemos estarem dentro de nós, na porta dos sentimentos de felicidade.
Tudo se passava como se um leve vento crepuscular nos afagasse a face.
Porém, a voz continuava sem rosto. Ouvíamo-la. Era como se ali sempre estivesse estado desde que se começou a tecer tapetes e o próprio tempo.
De repente, quando tudo terminou e ela deixou o tear e se virou, surgiu o rosto, o da iraniana Maryam Abtahi, a tecedeira de voz sublime. Ela e as outras a tecerem o futuro. Que seja tão colorido como os desígnios implícitos na voz e nos tapetes. Que a sorte chegue breve.

“Que a voz chegue breve” tem um significado, breve é adjectivo que qualifica breve, ou seja de curta duração. Se pretendes dizer (e é isso que pretendes significar) Que a voz chegue em breve, a frase do teu belo texto já não será ambígua, nem precisará da cumplicidade hermenêutica do leitor. Abração de Beja, comandante!
GostarGostar
É ainda mais ambígua
GostarGostar
ob
Pena não ter (sent)ido!
ab
GostarGostar