Algumas conclusões sobre 3 anos de guerra na Ucrânia

Uma invasão de um país por outro tem obrigatoriamente de ser condenada, seja onde for. Não há boas invasões, nem invasões anti-imperialistas.

Por outro lado, uma invasão tem, um quadro que a caracteriza e, de certo modo, a “explica”.

Quando Zelenski, após o derrube ilegal do Presidente Yanukovich, deu o passo para a Ucrânia entrar na NATO sabia que uma tal decisão acarretaria um confronto com a Rússia.

Basta ler as declarações de dirigentes ucranianos, norte-americanos e do Think-Tank do Pentágono “ Rand Corporation” para se ficar a saber, não podendo ser ignorado que a guerra a partir deste ponto era desejável para todos Uns davam o sangue, outros as armas. Está dito e escrito. Ignorá-lo é pura manipulação.

William J. Burns, ex-embaixador dos EUA em Moscovo e ex-Diretor da CIA, alertou para os perigos de um tal plano, apontando para o desastre numa eventual derrota.

A Rússia invadiu a Ucrânia e a guerra instalou-se há três anos no Leste europeu. Podia ser diferente, lá poder podia, mas não foi.

Sendo condenável é preciso compreender as responsabilidades de cada ator e de cada parte na guerra.

Todos sabiam que as suas posições levariam à guerra. Por muito menos, na crise dos misseis em Cuba, o mundo esteve à beira da guerra mundial.

O que não se pode deixar de referir, por amor à verdade, é que esta guerra nunca foi nem é entre a democracia e a autocracia. Nem a NATO é exemplo de democracia, desde logo na sua fundação incorporou o regime fascista de Salazar.

Aquilo a que no Ocidente chamam a Ucrânai democrática. nasce de um golpe de Estado conduzido por uma dirigente dos EUA, Vitoria Nodlung que queria  fuck UE, bem divulgado em todo o lado. Iniciou uma perseguição impiedosa às esquerdas. Aos movimentos sindicais. Proibiu o russo onde as populações eram maioritariamente russas e com os nazis Banderistas criou legiões de forças militares preparando-as para a guerra.

A UE aceitou todo o plano dos EUA/NATO para desmembrar a Rússia e fez procissão com o Império para enfrentar o outro lado da potência emergente com Putin. A potência gasolineira, no dizer de Obama, deu origem a outro país que se sentia em condições de enfrentar os EUA e a NATO.

A questão da luta entre a liberdade e a ditadura fica às escâncaras quando se olha para o conflito na Palestina. A UE segue apoiando o genocídio palestiniano. Nem uma sanção a Israel. Nem uma fisga para os palestinianos.

O que fez o Ocidente correr em socorro de Zelenski foi a oportunidade histórica de eliminar a potência russa. Caso contrário, em 2003, em vez de enviar militares para o Iraque, colocar-se-ia ao lado do invadido no Iraque. Ou ao lado dos palestinianos contra a ocupação israelita.

 A principal arma ocidental eram as sanções. Falharam. Prometeram a cabeça de Putin. A narrativa ocidental desde parte da extrema-direita, toda a direita e toda a social-democracia e o todos os liberais alinhou na guerra.

É flagrante o contraste com a causa palestiniana. Que está a UEE disposta a fazer para a criação do Estado palestiniano? Quantas vezes foi e está disposta a ir a Ramalah declarar o apoio incondicional à Palestina?  

N a Ucrânia, os EUA negociam com a Rússia e a razão é muito simples: são em termos militares quem conta. Vão partilhar a Ucrânia? Talvez. Pode estar-se de acordo com a partilha? Na Conferência de Berlim no final do século XIX a Europa partilhou África sem os africanos e certamente não é isso o que deve acontecer na Ucrânia. Mas quem, por cada segundo passado ao longo destes três anos, anunciou a derrota da Rússia merece que se pergunte o porquê deste discurso, incapaz de se adaptar ao que está a acontecer.

Se juntarmos a este pano de fundo a entrega da luta pela paz e contra a guerra à extrema-direita, talvez se compreenda que Trump e os neofascistas europeus utilizaram o anseio popular de paz nas suas demagógicas campanhas eleitorais, enquanto do lado dos partidos da democracia liberal o mote foi mais armas, mais guerra. E continua. Mesmo sem poder real. O que os move? A ideia da solidariedade com a continuação da guerra está totalmente desfasada da realidade. Ninguém quer ir combater para a Ucrânia, grande parte dos ucranianos foge da guerra. Na Rússia, segundo se sabe, também.

Criar um espírito europeu desde o Norte ao Sul e a Leste será na base de melhores condições de vida para todos e não da continuação da austeridade para fazer a guerra e comprar armas aos EUA. A força da Suiça não está no seu exército, mas sim no bem-estar da sua população. O mesmo sucederá na Europa.

Destes três anos podem retirar-se finalmente algumas conclusões:

–  Há uma nova potência mundial, a Rússia.

– O mundo voltou a ser marcado por zonas de influência em vez da existência de um mundo sob a influência de uma única potência.

– A UE conta pouco em termos geoestratégicos.

– É provável que entre China, Rússia e China aja alguma descompressão.

– Taiwan, a Palestina e o Irão serão o termómetro para medir o futuro que continuo muito incerto.

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