Todos os dias Zelenski faz declarações. É um dos dirigentes que mais antena tem. Com traje militar vai dizendo coisas sem fim. A sua prosápia chegou a tal ponto que se auto- impediu de falar com Putin.
É de recordar as centenas de iniciativas vietnamitas nos anos sessenta do século passado para parar a invasão norte-americana e consequente retirada dos seus mais de 500 000 militares. Os vietnamitas falariam e negociariam com os dirigentes norte-americanos.
Zelenski, dentro da sua lógica e combinação com o Ocidente, comportou-se sempre como o líder que iria derrotar a Rússia e, portanto, negociações nunca. Emitiu um decreto a proibi-lo tal era a convicção que derrotaria a Rússia.
Esta postura/política era intensamente apoiada e aclamada pelos EUA/UE/NATO. Chegaram a designá-lo como um novo Churchil…
Zelenski sabia de ciência certa e segura que a entrada da Ucrânia para a NATO, rasgando os Acordos assinados, na altura da independência, e o artigo 9º da Constituição, na sequência do golpe de Estado de Maidan em 2014 contra o Presidente legalmente eleito, acarretaria a guerra que também ele queria com os seus parceiros, pois acreditaram que derrotariam a Rússia e a “descolonizariam” nas palavras da senhora Kallas, Alta Representante da UE para as Relações Externas, depois do socialista que queria tratar da selva e impedir que estragasse o jardim que era a UE.
Zelenski, tal como Putin, quis a guerra. Quis ser Presidente de um país que afundaria a Rússia. Seria então o novo herói ocidental. Todos se vergariam à sua passagem.
Acreditou em Boris Johnson e numa tal Primeira-Ministra inglesa, cujo governo durou menos que o vicejo de uma alface; em Biden; em Scholz( que já se foi com o pior resultado do SPD nos últimos 13anos);em Macron( com governos a cair semestralmente) e carregou no acelerador contra a Rússia.
Era tanta a voracidade da vitória que se esqueceram de questões tão elementares numa guerra como munições, tecnologia militar e apoio popular dentro e fora da Ucrânia.
Confundiram a onda inicial de reprovação e cavalgaram-na até à exaustão, esquecendo as consequências para os povos europeus das sanções que lhes dariam a vitória e hoje são também causa da sua derrota porque se vive pior e ainda querem mais austeridade e trocar Saúde, Educação e Habitação por canhões, não havendo travão para o défice, tudo a favor do complexo militar industrial porque os russos qualquer dia chegam a Alcanena ou quiçá a Figueiró dos Vinhos, enganados pelo nome atrativo.
Uma guerra como esta é uma desgraça brutal e todas as potências envolvidas têm a sua responsabilidade. Sabe-se quando e como começa uma guerra, mas não se sabe quando e como acaba.
Esta que destruiu a Ucrânia e causou centenas de milhar de vítimas de um lado e do outro é de uma violência inimaginável. É a guerra em 2025. Esta guerra é contra homens, mulheres e jovens como quaisquer outros. São seres humanos. Jamais o devemos esquecer. E tudo devemos fazer para a parar.
Porém, os que garantiram a derrota estratégica da Rússia têm grande responsabilidade. Zelenski andou pelo mundo a anunciar a derrota do invasor. Nunca falou de paz. Falou em destruir a ponte de Kerch, reconquistar a Crimeia, recuperar todos os territórios e entrar na NATO. Era este o Roteiro para a paz com o apoio enternecido de Ursula von der Leyen e aguerrido dos socialistas Costa, Borrel, Scholz e Cª .
Entretanto, as coisas mudaram, sobretudo no terreno. Só um cego ou quem não queira ver é que não vê.
Trump sabe o que se passa na frente da batalha e não quer que os EUA sofram mais uma pesada derrota militar. Relançou uma nova política e mudou o azimute para defender os seus interesses, enquanto a UE se vai afundando na Ucrânia, como claramente demostram os resultados eleitorais de hoje na Alemanha.
A guerra da Ucrânia foi sempre uma guerra dos EUA via NATO contra a Rússia. É, pois, natural a negociação entre os EUA e a Rússia. Chegará a hora da Ucrânia. A da UE não se sabe. Dependerá.
Zelenski veio agora numa operação de marketing mundial dizer que afinal já pode ir à vida desde que haja paz e a Ucrânia entre na NATO.
Claro que o coro dos entusiastas do novo guião logo apregoaram o desprendimento de Zelenski e a sua nobreza de sentimentos.
Leia-se bem a declaração para ver que há quem leia algo que ele não disse. Afastar-se-ia se houvesse paz e entrasse na NATO. Duas condições. A causa da guerra foi a sua intenção de levar a Ucrânia para a NATO para ter paz, segundo a sua política. Estão intimamente ligadas.
Como se vê este marketing político é rude e primário. Sente o terreno a fugir-lhe, nomeadamente na Ucrânia. Prossegue as depurações e as perseguições aos possíveis candidatos.
Talvez tenha entrado em campanha eleitoral, mesmo sem estar ainda marcada. Talvez não tenha volta a dar. Talvez queira voltar ao início e trazer a NATO para a Ucrânia, mesmo quando o novo Imperador de Washington manifesta a intenção de se apropriar de territórios de aliados. Talvez um dia se venha a saber o que hoje é apenas um juízo de prognose.
Certo é que a guerra continua e é preciso acabar com ela e respirar a paz na Ucrânia, na Europa, na Palestina, no Sahara Ocidental, no subcontinente africano e no mundo. Sem a participação dos povos a paz é sempre frágil. Por isso os autocratas liberais ou iliberais perseguem os pacifistas. Mais do que nunca a paz é a nossa maior necessidade. A pobreza reinante é também consequência do belicismo. A UE está disposta a comprar armas ao “inimigo” e atacar as despesas sociais para, segundo alegam, conter os russos, sendo que as guerras que tiveram lugar depois da 2ª guerra mundial em mais de 98% dos foram levadas a cabo pelo grande aliado da Europa, os EUA.
Zelenski acreditou no diabo e toda a gente sabe ou devia saber que no diabo não se pode fiar. Mas não foi só ele. A UE aceitou nesta triste aliança que o seu chefe de fila a tornasse irrelevante.
É preciso mais coragem e dar passos em frente pela paz. Podemos por motivos diferentes querer que a guerra acabe. Então não há tempo a perder. Unamo-nos pelo fim da guerra. Chega de anestesia e mangações. Paz para os soldados russos e ucranianos. Paz para os povos eslavos da Rússia e da Ucrânia. Paz na Europa, na Palestina e no mundo. PAZ.