Uma guerra que todos queriam com fim à vista.  

Uma invasão é uma invasão. Mas se um conjunto de países e as potências mais fortes do mundo estacionarem as suas forças junto às fronteiras de um outro país, seguramente que o país “agraciado” com esta nova ordem com regras pensará éne vezes acerca do que fazer.

John Fritzgeral Kennedy não hesitou: ou os soviéticos retiravam os mísseis de Cuba ou começava a guerra nuclear. Cuba tinha direito a ter em seu território o que entendesse até entrar para o Pacto de Varsóvia. Só que os EUA não deixavam. Aliás, todo o Ocidente.

Recentemente, desde 2022, Biden, Blinken, Stoltenberg, os dirigentes da UE afinaram pelo mesmo diapasão. Ridicularizaram a carta da Rússia a considerar inaceitável a integração da Ucrânia na NATO.

Prometeram que iriam derrotar a Rússia e desligá-la do mundo. Quem está a pagar a fatura das decisões dos funcionários burocratas que impuseram as mais de 17 000 sanções à Rússia, sem qualquer apoio jurídico da ordem internacional, são os povos, as classes médias e trabalhadoras da UE. Os resultados eleitorais confirmam este descontentamento e a incapacidade até ao momento para o canalizar para a defesa dos partidos progressistas.

Ao contrário do trombeteado urbi et orbi a economia da Rússia aguenta-se enquanto a economia dos principais países europeus está em recessão.

 No confronto militar da Rússia com EUA/NATO/UE na Ucrânia ficou à vista a derrota ocidental. Privatizaram tudo. Ficaram à mercê dos oligarcas, perdão, dos bilionários do complexo militar industrial. Os oligarcas são exclusivamente russos. Os podres de ricos no Ocidente são famosos e vão a Davos.

Ao contrário do propagado reforço da NATO com a entrada da Finlândia e a Suécia, neste momento a NATO está muito mal de saúde. Há quem se pergunte: pode um país estar numa aliança em que o chefe ameaça incorporar esse país ou parte dele no seu território? O “nosso” MNE já respondeu: não façam ruido.

A crise provocada pelo neoliberalismo, a política seguida pela UE desde meados dos anos oitenta, entregando tudo e todos ao setor financeiro está à vista. A UE esmifra os povos para comprar canhões, tanques e mísseis aos EUA, mesmo que o défice ultrapasse um dos Mandamentos da Santa Madre Senhora de Bruxelas, os tais 3% divinizados pelos países “frugais” e assistentes usurários. A Saúde, a Escola e a Habitação públicas são obra do mafarrico e te renego satanás. Todo o bem público aos mercados. O bem público foi entregue em baixela de ouro e prata aos podres de rico para que eles punam os pobres e os ensinem a merecer o que comem.

Por toda a parte foi difundida a mensagem que o Ocidente, em nome dos mais elevados valores liberais, acorria a Kiev em solidariedade. Afinal chegou a hora de passar a fatura. Ao que parece Trump pede quatro vezes mais do que cedeu. Os eurocratas erguem a voz alegando que o seu contributo foi superior. Diziam que estavam bem unidos. Num mês a Santa Aliança virou um saco de gatos.

Macron que anda há mais de seis meses a ver se arranja um governo reúne-se em Paris com a europa, sendo que o que dizem ser a Europa, não passam de meia dúzia de funcionários de Bruxelas e uns tantos dirigentes de outros tantos países, muito poucos, não chega à meia dúzia. Que decidiram? Nada, melhor, não se sabe. É que o Júpiter gaulês irá a Washington, onde mora o novo imperador daquelas terras, e era suposto estar o dono do guarda-chuva europeu.

O 1º ministro inglês é o único disponível para enviar uns tantos militares daquele Reino, mas só se os EUA estiverem de acordo.

Zelenski anda por aí. Não podia ignorar que ao riscar da Constituição o artigo 9º e pedir para entrar para a NATO que ia criar um conflito com a Rússia. Toda a gente sabia, menos umas tantas almas tão generosas, tão generosas que entendiam que a NATO devia fornecer armas à Ucrânia de borla…como se a NATO tivesse abandonado o seu caráter de braço armado dos EUA e se transformasse numa organização de solidariedade internacional ao povo ucraniano, como se o mundo de uma organização que andou a servir a política de ocupação do Iraque e do Afeganistão ou dos bombardeamentos à Jugoslávia e à Líbia se metamorfoseasse numa ONG de misericórdia cristã, meia católica, meia protestante.

Os eurocratas prometeram-nos uma vitória em toda a linha. Oferecem-nos agora uma derrota brutal. Não satisfeitos insistem na desgraça. Afinal o que os EUA afirmavam ser a ameaça global, a China, passou a ser a Rússia. Pelo menos para um dos mais altos funcionários da burocracia da UE, António Costa. O nosso compatriota e o parceiro alemão veem russos por todo o lado. Os que não tinham dinheiro para mandar cantar um cego, os que tinham armas enferrujadas e os que não tinham comida para as tropas, nem frigoríficos por causa de lhes tirar os chipes, estão a chegar à Fonte da Telha, à praia do Pescador. Vêm por baixo da terra para não serem vistos por almirante candidato. Por terra foi Napoleão e por terra e ar foi Hitler para os soviéticos os verem bem.

Ninguém nesta “europa” fala de uma coisa que a velha e boa Europa falava que foi o Acordo de Segurança assinado por todos os países europeus mais os EUA e o Canadá em Helsínquia em 1975 e que mudou a mentalidade da guerra fria.

Esta era a Europa que o mundo admirava, a Europa das conquistas sociais, do bem-estar, dos direitos e da paz. Agora os eurocratas, sem qualquer consulta aos povos e contra os interesses dos povos, querem entrar desesperadamente numa corrida às armas fabricadas nos EUA para mostrar o quão dóceis são ao imperador que não os tem poupado com insultos e impropérios.

Com Durão Barroso o neoliberalismo da UE acelerou. Saiu de Bruxelas para a Goldman Sachs. Já lá estivera Draghi. É o percurso de vida. Os que abrem os negócios vão mais tarde concretizá-los.

A UE é hoje uma federação mercantilista à qual as nações obedecem. É este sistema de regras emanadas do escuro e das profundezas burocráticas que abala as nações e os povos. São as políticas impiedosas ao serviço dos mercados que despedaçam o conceito de Europa.

Abriram a Europa aos mercados e fecharam-na aos povos.  Chamaram os mercados e os mercadores dos EUA para a Europa. Caminharam lado a lado com os EUA na aventura ucraniana. Acharam que se fizessem de capacho, teriam a recompensa. Em abril de 2022, em Istambul, o que os preocupava era a derrota da Rússia. Carregaram a fundo no acelerador da guerra a contar com o Tio Sam. Sentem-se desprezados por serem tão submissos e agora o Imperador joga-os porta fora de Riade. Os impérios nunca trataram bem os serviçais.

Estão nas mãos de Trump. Dependem dele em energia, quatro vezes mais cara do que a russa. Trump e a extrema-direita capitaliza a decadência da Europa fruto da política da UE. E com Musk tenta alargar a já forte influência da extrema-direita. Na primeira ronda de negociações entre a Rússia e os EUA a UE ficou à espera.

Naturalmente que a Ucrânia vai ter de estar nas negociações em que se discute o seu futuro, mas talvez não seja Zelenski. Aguardemos. Já o escrevi em 2023. Ele poderia não fazer parte da solução de tal forma rastejou junto do Ocidente. Acreditou mais no Ocidente do que nos ucranianos. O resultado está à vista. Em Kiev há quem aguarde a hora e a oportunidade. Zelenski, se falou de paz, foi para contrariar qualquer solução política. Até se auto impediu de falar com Putin. Agora implora. Ele e os que pensavam numa paz justa sem os russos na Suiça. E nas Cimeiras em que se anunciaram as vitórias da Ucrânia de Zelenski. Chegou a hora da verdade e da realidade. Os burocratas de Bruxelas não contam. As proclamações não ganham guerras. Os jovens deste continente não querem ir morrer nos campos de batalha da Ucrânia por causa de uma guerra que nunca teria começado se o Ocidente e Zelenski tivessem respeitado a neutralidade da Ucrânia, bem sabendo que a entrada para a NATO levaria à guerra. Era o que queriam. Julgavam poder esmagar e fragmentar a Rússia. Era o que a Rússia queria. Parece que definitivamente a Rússia ganhou. Os EUA para não perderem mais uma guerra, prepararam-se para a China, desistiram e apresentam a fatura a quem neles acreditou. Deixam a UE num pântano e a comprar-lhe energia e armamento. Se Putin acreditasse em Trump arrepender-se-ia.

Desde sempre – as relações entre Estados são determinadas pela força. Por isso, levamos com a troica e não podemos ultrapassar os 3% do défice pela imposição dos nossos amigos da UE. O resto é conversa fiada.

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