Caramba, qual é a admiração face ao Nuno Melo normal?

Nuno Melo declarou hoje que qualquer pessoa normal compreende que os ucranianos possam bombardear o território russo com as armas entregues pelos países ocidentais.

 O Sr. Nuno é por enquanto Sua Excelência, o Ministro da Defesa de Portugal. Acreditem.

Vale a pena refletir sobre a normalidade porque o assunto é muito importante para todos nós. Falou o Sr. Ministro.

Em 1973 aquando das negociações para terminar a invasão do Vietnam perpetrada pelo nosso mui estimado aliado da NATO, os EUA, um representante deste país perguntou à representante da Frente de Libertação Nacional do Sul, a Sra Nguyen Thi Binh, o que davam em troca, se os EUA saíssem do Vietnam.

A resposta ficou marcada a letras de oiro para todo o sempre: Nunca nos passou pela cabeça bombardear os EUA e continuamos a pensar do mesmo modo.

A Rússia invadiu a Ucrânia. A NATO/U.E./EUA prometeram todo o apoio para rasgar os Acordos de Minsk II. Anunciaram o derrota estratégica da Rússia. Um coro que ia de Costa a Von der Leyen passando pelo inenarrável Boris Johnson que (não)tinha consciência que as suas festas nos jardins da Downing Street com dezenas de convidados violavam a lei que interditava qualquer ajuntamento devido ao COVID. Garantiram todo o apoio à Ucrânia as long as it takes … Nunca em momento algum falaram de algo diferente que não fosse a derrota estratégica da Rússia.  

A palavra negociações está proibida no léxico ocidental, menos para o Papa Francisco. Quem defender que o conflito deve ser resolvido por via negocial é pró russo, mesmo que não tenha a menor simpatia por Putin e o seu regime. Cotrim defendeu num debate para as eleições europeias que há que cortar no SNS, na Escola, nos transportes, nos serviços públicos e aumentar o orçamento militar para derrotar a Rússia, sem que ele e os que pensam como ele expliquem como se derrota uma potência nuclear.

Há muito que o regime ucraniano tinha sucumbido se não fosse o monumental apoio à Ucrânia, não sobrando sequer uma fisga para os palestinianos ocupados há mais de cinquenta e cinco anos em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Leste. Nem pedras. Nem alimentos para quem está a morrer de fome.

São tantas, tantas as sanções contra a Rússia que não sobrou uma única contra Israel, apenas os biliões de dólares em armamento de todo o Ocidente para Netanyahu. Cerca de quarenta mil mortos em Gaza não chegam para acordar a consciência ocidental. Já fora assim no Iraque com as centenas de milhar de mortos.

Desenhado a traços largos o quadro pergunta-se, pode o Ministro da Defesa de Portugal defender que as armas ocidentais, incluindo portuguesas, devam atacar a Rússia no seu território, pois tal declaração em caso de alargamento do conflito significará colocar Portugal na mira da potência nuclear? É normal Dr. Luís Montenegro? Está de acordo?

 Uma coisa é a Ucrânia defender o seu território com o que tem e o que venha a ter e não é pouco, outra é um país fornecer à Ucrânia armas para atacar territórios na Rússia.

A sra. Nguyen Thi Binh explicou aos representantes dos EUA o que o Sr Nuno nunca perceberá de tão preocupado andar com a incorporação nas FFAA de pequenos delinquentes.

As armas que a Frente de Libertação Nacional do Sul recebeu da URSS e de outros países nunca foram para atacar território dos EUA.

John Fritzgerald Kennedy nunca aceitou que Cuba tivesse instalado misseis da URSS, mas para Biden a Ucrânia, ainda mais perto da Rússia que Cuba dos EUA, pode entrar para a NATO. Tudo certo…Tudo normal. É a tal democracia liberal a funcionar as usually. Em nome desses “valores” os democratas ocidentais levaram a morte a milhões e milhões de vietnamitas, laocianos, cambojanos, iraquianos, argelinos, líbios… dentro da normalidade. Caramba, qual é a nossa admiração face ao normal Nuno Melo?

2 pensamentos sobre “Caramba, qual é a admiração face ao Nuno Melo normal?

  1. Lucia Borroes

    Subscrevo cada palavra. Parece que o bom senso anda muito arredio desta coligação, nomeadamente do Ministro da Defesa, do Presidente da AR e do cabeça de lista às eleições europeias.

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