Este conceito é utilizado muitas vezes para justificar as posições que os Estados, governos, partidos, instituições e cidadãos tomam em relação a opções, conflitos e ideologias.
Estar do lado certo da História significa amiúde estar contra decisões governamentais e até de alianças político/militares.
Na guerra da Rússia contra a Ucrânia, no plano imediato, a tendência é para estar do lado do invadido porque realmente houve uma invasão. Há, no entanto, um conjunto de elementos a ter em conta e que podem obrigar a olhar para o conflito com outra profundidade.
No quadro da segurança dos EUA o mundo esteve à beira da terceira guerra mundial só porque a URSS instalou uns quantos misseis nucleares em Cuba.
Cuba tinha todo direito de instalar no seu país os misseis que quisesse, como a Ucrânia pode aderir a qualquer bloco militar. O problema é que Cuba e a Ucrânia não estão sós no mundo e situam-se onde estão localizadas.
Tal como os EUA sentiram a sua segurança em risco com misseis soviéticos em Cuba, também os russos se sentem inseguros com a NATO logo atrás do seu quintal.
Se o Ocidente já assumiu que os Acordos de Minsk foram apenas um instrumento para fortalecer militarmente a Ucrânia e imaginando que este país mais bem armado, melhor atacaria as regiões russófonas, então é de crer que o objetivo de armar a Ucrânia pudesse ter em vista duas saídas.
A primeira era que a Rússia ficasse nas suas fronteiras a assistir aos ataques militares ucranianos contra as populações russófonas.
A segunda era, por essa tática, a Rússia invadir a Ucrânia, a qual já estava mais bem capacitada para enfrentar o invasor.
Seguramente que o Pentágono e as cúpulas da U.E. tinham bem presente este cenário para o qual trabalharam.
A partir da invasão o mundo assistiu, grosso modo, a três posicionamentos a saber: os que defendiam a invasão, os chamados ocidentais que defendem a derrota militar da Rússia e os que defendem uma paz negociada que significará cedências de parte a parte.
Até hoje, apesar de todas as sanções e os milhões de milhões de ajuda à Ucrânia, ou a guerra escala para um patamar global e não haverá vencedores ou será preciso negociar como bem esclareceu o Papa Francisco.
Estar do lado certo da História é impedir a escalada diabólica e como homo sapiens que somos colocar toda a inteligência ao serviço de uma negociação construtiva e inspiradora de confiança. Fazer as pazes com a Alemanha e convidá-la para a construção europeia foi bem mais difícil. Haja coragem.